Imagem
de domínio público
Era uma vez um palhaço em meio a uma grande plateia. A
plateia precisava somente dele e ele precisava somente dela. Como um bom colecionador de sorrisos os aplausos supriam
o seu vício, mas tão logo um silencio o ensurdeceu e uma música circense respondeu:
“Feliz na tristeza,
triste na alegria; essa é a vida da nossa maioria. Por baixo dos panos, de
dentro dos trajes; com rios de suor, é um grande ultraje. Buscando a alegria
que tanto teima em fugir; a felicidade alheia insiste tanto em punir.”
O palhaço acordou assustado. Maquiou o rosto, botou
o batom na boca, vestiu o seu traje largo e colorido, as grandes luvas sobre as
mãos, calçou os enormes sapatos, colocou o sorriso no rosto e, por fim, a bolinha
vermelha sobre o nariz... Sem conhecer a maldição que o faria infeliz.
Em seu rosto havia o riso que disfarçava a lágrima e com
ele, saiu de casa.
Chegou à rua olhando diretamente para as sinaleiras, os seus
aplausos logo se tornariam buzinas grosseiras.