Ilustração
de Loui Jover: http://www.saatchiart.com/louijover
Saiu da sua boca em um tom patético
Duas palavras que ele
leu na página
Em sua voz entonando
a própria dúvida
E a tremular o som
que saía como êxodo
Seria engraçado se
não fosse trágico
Não entendo o que diz
pela sua fonética
Quando questionado já
responde rápido
E tenta se afogar em
um suspiro último
Quando discurso em um
tom amável
Vem se metendo como
se fosse o júri
E aponta sua palavra
igual a um lápis
Com respostas divulgadas
de um jeito ímpar
A fera precisa ser
acalmada para ficar dócil
Quando fecha a boca é
similar à bênção
Mas retoma a divagar
de forma lamentável
Novamente da sua boca
se espalha o vírus
Vou eu de novo
retrucar de forma cortês
Mas logo sou pego e
caio no efeito dominó
De alguém que mal
sabe falar o português
Que nunca fez alguém
tirar o chapéu
E não para em momento
algum de citar seu herói
De suas palavras ele
mesmo se torna refém
Então paro e digo: “é
assim que se constrói”
Ele se cala como um
rato quando o queijo rói
Com a sua lágrima tudo acabou de jeito mágico
Minhas palavras lhe
deixaram estéril de maneira fácil
Agora sentemos, vamos tomar um café, eu pago para você.